sábado, 4 de outubro de 2014

9 - O Dollar e a Riqueza dos Estados Unidos

Quando os Estados Unidos ainda eram uma colônia da Inglaterra, a moeda em circulação no país chamava-se "continentals". A Guerra da Independência, em 1776, foi o motivo principal para a criação do dólar. As 13 colônias que formavam o território americano precisavam de uma moeda que financiasse a revolução que transformou os EUA em uma nação soberana.

O processo de criação do dólar durou 16 anos. Entre 1776 e 1786, cada uma das 13 colônias estabelecia o valor para o "continental" da maneira que julgava pertinente. A Pensilvânia, por exemplo, considerava que 1 continental valia o equivalente a 7½ xelins, moeda oficial das colônias britânicas.

Foi no ano de 1786 que o Congresso Continental, união das 13 colônias que faziam parte do território já independente, aprovou uma resolução que estabelecia o dólar como sistema monetário.

Mas foi apenas em 1792 que o mesmo Congresso reconheceu-o como moeda oficial da recém-formada nação. O nome "dólar" deriva da moeda de prata conhecida como "thaler", que, nos idos do século XV, circulou amplamente por toda a Europa.

Apesar de oficial, o dólar não era a única unidade monetária em utilização nas terras norte-americanas. O dólar espanhol também circulava no país. Contudo, isso mudou com o National Banking Act, de 1863, que determinou que o dólar americano seria a única moeda a circular no país.

O Padrão Ouro


O século XIX e início do século XX foram marcados por uma economia regida com base na política do padrão-ouro, que prezava que o valor de cada moeda correspondia a determinada medida de ouro - uma relação administrada pelo mercado e não pelos governos. O dólar, por exemplo, equivalia a 1/20 de uma onça-ouro.

A teoria pioneira do padrão-ouro, chamada de teoria quantitativa da moeda, foi elaborada por David Hume em 1752, sob o nome de “modelo de fluxo de moedas metálicas” e destacava as relações entre moeda e níveis de preço (base de fenômenos da inflação e deflação).

Cada banco era obrigado a converter as notas bancárias por ele emitida em ouro (ou prata), sempre que solicitado pelo cliente.

Com o padrão-ouro, utilizado principalmente pela Inglaterra, o sistema conseguiu estabilidade e permaneceu até o término da Primeira Guerra Mundial. Em alguns paises periféricos, o sistema não foi adotado por se achar que a presença desses países e seus problemas de financiamento desestabilizariam o sistema. Dessa forma, a circulação de papéis-moeda foi feita pelo chamado sistema de "curso forçado". No Brasil, o sistema foi adotado imperfeitamente, durante o Segundo Reinado e no início da República Velha (Governo Campos Sales).

Como as outras moedas abandonaram o padrão-ouro


O padrão-ouro começou a entrar em declínio com a 1ª Guerra Mundial. Para que a guerra fosse financiada, os países europeus tiveram de aumentar a oferta de dinheiro em espécie, movimento que causou a inflação excessiva e a depreciação das moedas.

Como as reservas de ouro de cada país não foram suficientes para atender a emissão desenfreada de dinheiro, os governos acabaram por abandonar o metal como meio de troca.

Os EUA foi o único país a se manter fiel ao sistema do padrão-ouro. Enquanto libras, marcos, francos e outras moedas européias depreciavam-se em relação ao lastro do metal, desvalorizavam-se também em relação ao dólar.

Como o Dolar se valorizou em relação as outras moedas


A proposta que culminaria na solução foi apresentada apenas em 1944, durante a conferência de Bretton Woods. O acordo previa que os países da Europa Ocidental deveriam acumular dólares como reserva, enquanto os EUA guardariam reservas em ouro. Dessa forma, o dólar se transformou na principal moeda de troca para pagamentos internacionais.
Ao fim da segunda guerra existia apenas uma economia que ainda era definitivamente sólida, a americana, de modo que qualquer acordo ou compra de papéis que fosse feita só poderia ser concretizada com uma moeda na qual os investidores confiassem. Naquele momento, a única economia que alguém poderia confiar, e consequentemente a única moeda, era a americana e o dólar.

Portanto, os EUA tinham uma moeda lastreada em ouro. A consequência desse arranjo era que o governo americano não podia inflacionar sua moeda de forma mais intensa.

Qualquer governo estrangeiro podia pedir para o seu banco central criar dinheiro do nada (sua moeda nacional) e então utilizar este dinheiro para comprar dólares, os quais eram imediatamente utilizados para comprar títulos do Tesouro americano.

Bretton Woods também marcou o início de uma era na qual os EUA firmaram-se como líderes econômicos e políticos de um mundo em vias de se dividir por conta da Guerra Fria. Foi na ocasião desta convenção, atendida por chefes de estado de 41 nações do mundo, que o país liderou a criação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
O acordo marca a transição de poder da hegemonia inglesa para a hegemonia norte-americana.
Ou seja, os Estados Unidos toma o lugar que antes era ocupado pela Inglaterra.

Como os EUA abandonaram o padrão-ouro


Os dólares que os EUA criavam iam parar nas reservas dos outros países, os quais podiam então inflacionar suas moedas em cima destes dólares. Na década de 1960, alguns países — e a França, com mais intensidade — passaram a demandar a restituição destes dólares em ouro. Isso gerou uma enorme pressão sobre o governo americano, que havia criado muito mais dólares do que a quantidade de ouro em suas reservas. Para evitar a perda total de seu estoque de ouro, o governo americano simplesmente tomou a decisão unilateral de abolir este regime de conversão em agosto 1971.

Conclusão


Apesar de não estar seguindo o padrão-ouro, a hegemonia do dólar no cenário econômico mundial parece estar longe do fim. O dólar, apesar de todos os reveses financeiros enfrentados pelos EUA nos últimos anos, se manteve todo o tempo como porto seguro dos investidores internacionais.

A história mostrou a incrível capacidade de recuperação da economia norte-americana. Bancos Centrais do mundo vão continuar a aplicar suas reservas na aquisição de títulos da dívida pública dos EUA.
Na verdade, ao longo das últimas décadas o dólar e o sistema bancário dos Estados Unidos enfrentaram - e superaram - diversos reveses econômicos.

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